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O meu bebé tão Sonhado

Sempre soube que seria mãe de um rapaz pois nos meus sonhos sempre aparecia uma criança do sexo masculino. Nos meus sonhos era um menino sem rosto e sem nome.
O meu percurso pessoal e profissional determinou que a minha experiência como mãe do Miguel surgisse mais tarde e ele nasceu quando eu tinha 38 anos.
Este filho foi muitissimo desejado e foi profundamente amado antes sequer de existir.
Quando escolhemos o nome Miguel, soube naquele instante que este sempre lhe esteve destinado...e deixou de ser o menino sem nome que aparecia nos meus sonhos. Foi-se tornando progressivamente real .
As circunstâncias da vida tornaram esta experiência bem diferente daquela que eu tinha idealizado, foi uma gravidez dura e marcada pela doença e morte da minha mãe . A avó materna do Miguel morreu um mês antes de ele nascer.
A gravidez tranquila que imaginei não aconteceu, o parto natural que tanto ansiei também não foi possível pois ele recusou nascer. No dia do seu nascimento o Miguel  passou a ter rosto. Um rosto indescritivilmente expressivo, um olhar atento, uma presença fortissima num corpo pequeno, magro e tenso.
Chegou à minha vida com a força de um "tsunami". A vida  até então tinha-me mostrado que eu podia confiar na minha força, resiliência, coragem e convicção mas ele veio desafiar todas as minhas certezas ,qualidades e competências. Quando pensei que já não teria mais forças  para lidar com um bebé que pouco ou nada dormiu nos primeiros meses, que expressava constantemente uma inquietude, um inconformismo, uma zanga, que dificilmente aceitava que  me afastasse dele o suficiente para me recompor, no momento que me senti vencida por um estado de exaustão devido à enorme privação de sono, consegui reunir a tranquilidade necessária e alguma clareza de espírito para concluir que  a sua força de "tsunami" não era destruidora. Ele reclamava as suas necessidades e queria construir algo precioso. Ele era a oportunidade de eu própria me superar, conhecer-me  mais e melhor do que nunca e inevitavelmente tornar-me uma pessoa melhor. Deixei-me guiar pela minha intuição relativamente à forma de cuidar dele e afastei-me e protegi-me das opiniões e das ideias gerais e pré-concebidas sobre como cuidar de um bebé.
Este Blog é a ti dedicado meu filho Miguel. Obrigado pela enorme dádiva que trouxeste à minha vida. Obrigado pela tua  presença especial, genuína e pela tua generosidade. Passaria novamente por todos os sofrimentos, todas as lágrimas,  todos os cansaços só para te conhecer e ter-te na minha vida.
Não existem palavras que realmente te possam dizer o quanto te amo, espero que os meus actos falem por si e te possam trazer a paz que mereces e procuras.

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3 comentários:

Natália Dias disse...

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo.
Fernando Pessoa

Sónia disse...

A descoberta de quem são os nossos filhos, quem serão e acompanhá-los nesse percurso é uma tarefa árdua, sofrida mas também tremendamente compensadora...Eu sei que tu sabes. Obrigado pelo comentário inaugural.

Unknown disse...

Olá Sónia, tenho vivido esse drama com a minha bebé de quase 4 meses. POr vezes, dou por mim a olhar para ela a chorar e sem ter reação e a pensar que esgotei todas as estratégias. É muito duro, mas estes bebés são colocados na vida de pessoas fortes e resistentes! ;)

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